terça-feira, 17 de abril de 2012

A lua está vazia. As lágrimas correm e há muita coisa por pensar, sentir e assimilar.
Há momentos na vida em que, por mais que queramos, não conseguimos ultrapassar certas barreiras. Barreiras essas difíceis, senão impossíveis de eliminar de uma vida quase perfeita.
Olham-se. Há pensamentos demasiado inúteis para interferir num momento que era só deles.  Um momento que ambos projectaram, de uma maneira mais ou menos aceitável numa perspectiva humana e comum. Contudo, não lhes chega. Há demasiadas expectativas. Demasiados erros que não querem cometer. Demasiadas palavras que, por mais que quisessem, não poderiam ser jamais substituídas por um gesto, por um impulso, por um desejo, por um sentimento...
Ambos sentiram o que é perder verdadeiramente alguém. Ela, de certa forma, mostrando-se  mais distante e terra - a  terra, mas nunca esquecendo os seus princípios, as suas preocupações, as suas prioridades, Ele...
Por outro lado, Ele, mostrando-se mais frágil, confessou tudo o que julgava ser importante referir.
Apesar disto, parecia tudo ainda muito vago, muito incompleto, muito calculista, muito duma forma que eles não sabem disfarçar.
Ela abraçou-o. Tentou impedir tudo de uma forma bastante eficaz mas que, no fim, sem resultado, ou pelo menos, tendo ido contra o que ela tinha estabecido como proibido. Mais uma vez, demonstraram genuinamente que pertencem, à sua maneira, um ao outro. De um modo para eles desconhecido, assustador, inexplicável.
Naquele momento... sentiram o que era o amor.  Algo, como Ele dizia e bem, "impossível de ser descrito". Ela nunca se esforçou por perceber o que poderia aquilo significar, talvez na tentativa de não fraquejar, na hipótese de cumprir a sua promessa de que jamais se voltaria a magoar.
Estava redondamente enganada. Há coisas que ela acabou por perceber que transcende a própria vontade individual e essas mesmas coisas são aquelas porque nunca devemos lutar contra pois, no fim, o desfasamento entre a realidade e o desejado apresenta uma margem consideravelmente diferente.
Olhavam-se. Percebiam com o corpo um do outro que algo não estava a bater certo mas, de uma forma muito invulgar, aquele momento... estava a produzir sensações duras mas, contudo, boas e agradáveis. Ambos queriam que aquele momento nunca acabasse, principalmente Ela por saber que jamais voltaria a estar nos braços dele, daquela forma tão única, tão carinhosa, tão protectora, tão genuína.
Naquele momento, as respostas deixaram de ser uma prioridade. O que interessava, sobretudo, era prolongar aquele momento ao máximo e se possível, evitar o adeus.
Mais uma vez a vida mostrou-lhes que nem sempre o caminho mais difícil é o pior. Contudo, e arriscando neste, é preciso ter a consciência de que é o que provoca, potencialmente, as piores e melhores sensações.
Novamente, e reforçando os seus sentimentos, queriam que aquela situação nunca acabasse. Estavam a viver ao máximo o momento: em pensamentos, emoções, batimentos cardíacos, gestos, olhares, palavras com ou sem sentido e tantas outras coisas que a intensidade do momento não permitem recordar.
De facto, e como Ele lhe disse a Ela, "um grande amor é aquele que é vivido com intensidade"!
Ela questionou-se a cerca do propósito daquelas palavras e, ainda que mais uma vez inconscientemente, percebeu que o que Ele queria dizer é que Eles... Eles eram a intensidade... o amor... o grande amor.
Também ela lhe disse muitas coisas, julgadas por sua vez assertivas, com sentido, e oportunas. Mas foram naqueles últimos momentos (sim, últimos...) que Ela tentou reproduzir cada acto, sem deixar que nada ficasse por explicar.
As dúvidas surgiram. Será que sim? Será que não? Ela abraçou-o, duma forma tão inexplicável. Quis demonstrar que Ele ainda merecia tudo dela, ainda que duma forma diferente, mais contida, mais pensada, mas sempre essencialmente sentida. Ele pareceu gostar.
O aperto era vivido como nunca. Cada toque, cada folgo, cada soluço, era invadido pela saudade que tinham em pertencer um ao outro. Uma saudade provocada pelo desgaste. Uma saudade que, naquele momento, teria valido a pena. Era uma saudade vivida de tal forma que pareciam não se querer largar. Nem Ele, nem Ela. Por entre inúmeros pensamentos, interrogavam-se o porquê de se sentirem tão espectacularmente bem um com o outro, naquele escuro... E a resposta era tão evidente... Estavam a sentir-se. Estavam a recuperar tudo o que haviam perdido nos últimos tempos, ainda que este mesmo tempo começasse a escassar...
Todo o desconforto da situação desaparecera. Estavam calmos, estavam serenos. Ele tocando sob o peito dela e Ela encostada ao seu ventre, recordaram o que é sentirem-se vivos, o que é sentirem algo demasiado forte para ser explicado.
Uma lágrima sua queria escorrer ao ouvir "eu não te consigo odiar". Foi naquele momento que percebeu que tudo valera a pena. Tudo fazia um sentido. Tudo possuía uma razão, ainda que essa mesma razão fosse desconhecida por si. Não importava... Não queria saber. Interessava apenas que se sentia bem, que se sentia protegida, que se sentia, mais uma vez, uma menina frágil, meiga, diferente e positivamente apenas dele.
Ele parecia confuso, mas feliz, ainda que ciente que tudo aquilo teria de acabar. Parecia que queria que o tempo parasse, que aqueles corpos permanecessem naquela exacta posição, encaixados um no outro, cada um dando-se da forma mais exclusiva possível.
Apenas importava o bem estar dele, levando a rapariga a fraquejar... Mas não era relevante pois ela sabia que estava a agir de coração e que isso... isso ele mereceriam sempre.
Aquele toque... Aquele último toque...  
Tinha chegado ao fim. As dúvidas haviam voltado. O medo da solidão havia regressado. A postura dela teria que voltar ao que ela chama agora de "normal" e ele... ele mostrava-se cada vez mais forte por fora, apesar de apenas querer chorar... Encontrou a forma perfeita de lhe agradecer aquele momento, sorrindo, e demonstrando que tudo tinha valido a pena... e que iria cumprir a promessa de a ter sempre no coração, não como a última, mas como a primeira e como a mais importante de todas.
As lágrimas caem, e torna-se dificil para Ela suportar tudo... contudo... naquele momento... Era uma MULHER.

sábado, 14 de abril de 2012

Há várias coisas a não fazerem sentido. Quando penso que o meu caminho está traçado logo me apercebo que estou completamente enganada. Simplesmente parecem haver muitas possíveis entradas mas poucas saídas. Fico assustada, sem saber bem o que pensar. E mais uma vez as coisas não fazem sentido. 
Tudo isto resulta num clima de tremendo medo, acrescido ao facto de já não gostar do futuro. Trata-se de não me querer erguer outra vez. Contudo, esta falta de arriscar leva-me por outros caminhos que, analisando bem, produzem consequências igualmente más. 
Há portanto duas saídas, duas hipóteses que carecem a minha atenção, dedicação, determinação e comportamento destemido e, até certo ponto, ousado. Trata-se de um momento em que tenho que tomar uma opção; opção este que envolver muitos pensamentos, dúvidas, questões, medos, indignações e inquietações.
Quem me dera que as coisas pudessem ser simplesmente simplificadas. Quem me dera que não existe perigo de dor, desilusão e tristeza. Acredito que seria bem melhor, desta forma, arriscar, seguir o caminho que eu penso querer. Contudo, não sei até que ponto estaria a corresponder ao principio do "desafiante".
É tudo demasiado confuso. Não é plausível de ser entendido, apesar de saber que jamais encontrarei pensamentos assim: tão enigmáticos e ao mesmo tempo tão puros e genuínos.
Acredito que mais cedo ou mais tarde as respostas hão-de surgir, por entre o vazio, por entre aquilo que falta, por entre aquilo que eu julgo completo, mas irreal.
Algo me diz que, a seu tempo, as coisas ocuparão o seu verdadeiro lugar.
Preciso apenas de decidir qual dos partidos hei-de tomar, se o mais correcto mas duvidoso ou se o errado mas seguro.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sobre o amor não se tem controlo. É um sentimento que nos domina, que nos sufoca e que nos mata. Depois dá-nos um pouco vida. No amor queremos viver, mas pouco nos importa morrer e estamos sempre dispostos a ir mais além. Deixamo-nos cair em tentação, e não nos livramos do mal, embora procuremos o bem. No amor também se tem fé, mas não se conhecem orações: amamos porque cremos, porque desejamos e porque sabemos que o amor existe. Amamos sem saber se somos amados, e por isso podemos acabar desolados, isolados e deprimidos. O amor não é justo, não é perfeito; no amor não se declaram sentenças nem se proferem comunicados. O amor prefere ser imprevisível e cheio de riscos. No amor os braços não se cruzam, as palavras não se gastam e os gestos servem para o demonstrar. Amar também é lutar. É uma ilusão, um sonho, um absurdo e uma fantasia. O amor não se entende, não se interpreta, não se discerne nem se traduz. Quem ama acredita, mas não sabe bem porquê, não sabe bem o quê, nem percebe bem como.